Eu já escrevi e apaguei essa última newsletter do ano umas 8 vezes, pensando em como dar um desfecho a esse grande ano para o podcast Aquarismo para Todos. Grande no sentido absoluto (foram 20 episódios, praticamente metade do total de programas que eu fiz), grande no sentido de alcance e variedade - vide a retrospectiva do Spotify que eu postei há 15 dias, na news anterior. Eu corria o sério risco de repetir aqui por escrito a minha proposta de retrospectiva, que foi ao ar semana passada. Mas aí uma ocorrência aqui no meu aquário principal me trouxe a história que eu queria, que vai me permitir falar tudo usando um caso real.
Meu aquário principal foi montado no início de 2021, e foi um esforço calculado para enfim ter um aquário de acarás disco (contei essa minha jornada no blog Tô Aquariando, mas se quiser ler só essa parte de 2021 clica aqui). Com essa montagem eu aprendi MUITO, coisas que já ouvi falar ao longo dos anos mas não tinha colocado em prática. E essa sensação de “deu tudo certo”, aliado ao fato dos meus conselhos terem dado certo a outros amigos aquaristas foram o estopim para eu começar o podcast, ali no segundo semestre de 2022. Mesmo assim, aqui ainda vale a frase “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”: muitas coisas que eu recomendo a pessoas que vem tirar dúvida comigo não são exatamente o que eu faço aqui no meu. E tudo bem, pois estou ciente das consequências e pago esse preço. O meu maior pecado é sempre achar que cabe mais um peixe, quando eu poderia ter tranquilamente 10 neons a menos. Mas aí me deparei com outra questão para a qual meu plano original não previa: reprodução.
Eu tive um misto de sorte e bom gosto na escolha dos discos que adquiri, e felizmente boa parte deles se desenvolveu bem aqui em casa. Tive um blue diamond (o Bruno) que eu até evitava postar no instagram, pois durante um tempo choveu propostas de compra para ele. Eu quase sempre respondia “amigo, esse peixe tem nome, é membro da família, eu não posso vender”. No entanto, em 4 anos, apesar de chegar a ter 9 discos ao mesmo tempo, eu ainda não tinha vivenciado a formação de um casal. Até que em agosto deste ano, Juvis e Mundinha confirmam o gênero dos nomes que demos, e ensaiam uma desova no aquário principal (falei disso na news número 8). Fiquei todo bobo, mas ao mesmo tempo via um problema: não tenho como fazer isso dar certo. Estufa de criação de discos exige trabalho, disciplina e cuidado constantes. O casal passou a desovar semanalmente, e eu fui fazendo vista grossa. Em paralelo, os mais chegados foram me incentivando a separar o casal e tentar criar os filhotes, e eu : “po, eu mal tenho estrutura para quarentenar e tratar um peixe doente, quanto mais tirar uma cria e fazer vingar.”. Mas como diz o narrador da história de Joseph Climber, a vida é uma caixinha de surpresas e numa manhã de sol… os ovos eclodiram.
Sem pensar muito, e seguindo as dicas do Antônio, enchi minha caixa organizadora com 40 litros da água do aquário, conectei uma pedra porosa, coloquei o cone de desova nele (com os alevinos ainda grudados) e rapidamente coloquei os pais. E com isso, os últimos 10 dias foram de sifonagens e TPAs diárias, e um olho comprido nos filhotes ainda se alimentando do muco dos pais. Vai dar certo? Ainda não sei, mas está sendo bem bacana viver essa jornada.
A história dessa desova ainda está em aberto, mas achei que vale fechar o ano falando de algo da maior importância no aquarismo: a jornada. É essa jornada que nos dá a dor e a delícia de colocar um pedacinho de fundo de rio ou de mar em nossas casas - embora seja também a jornada que faça com que a gente sempre saia das lojas com saquinhos com peixes novos (mas um dia a gente aprende). Minha mensagem para este 2024 é : Aproveitem a jornada! Se der certo, dá um prazer danado. Se der errado, tenham a serenidade e a humildade de aprender com o processo. No final das contas, um aquário é um grande laboratório, onde o resultado nem sempre é o que se espera, mesmo “fazendo tudo certo e com todos os parâmetros controlados”.
Volto a escrever em algum momento de janeiro (afinal de contas, tenho a missão de fazer algum bebê disco chegar a idade adulta #oremos). Enquanto isso, se tiverem ideias ou dicas de episódios para 2025, mandem para mim (da forma que acharem melhor). Grande abraço a todos, boas festas e feliz ano novo!