O assunto ‘filtragem’ parece ser tema eterno em grupos de aquaristas, seja no whatsapp, fóruns web ou vídeos youtube. Todo mundo tem o seu modelo ideal, mas de fato o que faz esse assunto ser tão recorrente é simples e direto: não existe uma regra clara e direta sobre qual o filtro ideal. Pelo menos não hoje em dia.
Pra não queimar aqui a pauta do próximo episódio do podcast, vou dizer simplesmente que quando comecei no aquarismo eu só tinha duas opções: filtro biológico de fundo (FBF) ou filtro interno “copinho”, com perlon e carvão ativado dentro, ambos usando compressor de ar para que as bolhas promovessem o deslocamento da água. Hoje é bem raro quem ainda usa o FBF, os filtros “copinho” evoluíram para outros tipos de filtros internos, além de termos uma infinidade de filtros externos : hang on back (HOB), canisters, um HOB que mais parece um mini canister e os populares sumps. E aí quando um iniciante pergunta “qual o filtro ideal para o meu aquário?”, minha resposta tem o máximo de ênfase possível: DEPENDE.
Quando montei o meu aquário atual (em 2020/2021), o cara que fez meu aquário perguntou se eu ia colocar sump - informação muito relevante nesse momento, pois em caso positivo eu precisaria prever no projeto a entrada / saída de água. Eu na época buguei, e mesmo tendo todas as indicações de que eu teria uma filtragem mais robusta, apostei em continuar usando canister - parte dessa história está na newsletter #3. Resumindo a história de lá pra cá: comecei com 1 canister médio, coloquei um segundo em paralelo quando a carga orgânica aumentou, troquei os 2 médios por um grande no ano passado, mas não era um modelo muito prático de se fazer manutenção (grande e pesado). Acabei vendendo, e voltando para o canister médio da primeira montagem. Pra atenuar, reduzi significativamente a carga de matéria orgânica (leia-se doei alguns peixes). Tá rodando assim há cerca de 4 meses. Fiquei satisfeito? Mais ou menos…
Fiz o que eu sempre sugiro para as pessoas que me trazem dúvidas (muitas, que eu também não sei a resposta, mas ao menos tento pensar junto na solução): parei e observei. Nesses meses, eu mantive uma média de 1 TPA por semana (salvo quando viajei de férias, mas era na época que eu estava com menos peixes). No último mês, depois que passei adiante alguns cardumes, resolvi intensificar o de discos - já sabendo que teria um aumento considerável na carga orgânica. Ao fazer a limpeza mensal do canister, as espumas (pré filtro e 1a bandeja) estavam bem mais sujas do que o normal. No aquário, o desagradável retorno das algas petecas me dão uma pista de que a filtragem não está mais dando conta. Pode ser só um acúmulo de nitratos, mas eu já estava condicionado a voltar a um canister maior. Dessa vez, levando mais em conta minha rotina de manejo - focando minha limpeza no pré filtro e aumentando a capacidade de mídias biológicas. Coloquei agora pra funcionar, vamos ver se eu acertei dessa vez.
Nesse meio tempo, eu voltei a pensar em 2 filtros em paralelo, em voltar ao modelo que eu tinha, em apostar em outras marcas. Qual a melhor solução? Espero que seja essa que eu dei aqui, mas poderiam ser várias outras. Poderia até resolver isso com o filtro que eu tenho, aumentando TPAs, ou colocando um HOB com a filtragem mecânica e deixando só mídias biológicas no atual, as possibilidades são quase infinitas. Daí que me convenci de que valia a pena fazer um episódio só de elocubrações sobre filtragem. Semana que vem, nas principais plataformas de áudio (e também na nossa página).
No apagar das luzes desta edição da news: no último sábado saiu a notícia de que o IBAMA apreendeu quase 60 mil espécimes de peixes modificados geneticamente para brilhar no escuro, o que é proibido no Brasil. O próprio IBAMA fez uma postagem no instagram alardeando essa apreensão, o que rendeu muita repercussão positiva e negativa da comunidade aquarista do Brasil (além dos comentadores políticos tão comuns nos dias de hoje).
Tava falando sobre esse assunto com o pessoal do nosso grupo no whatsapp, e resolvi trazer pra cá algumas reflexões minhas sobre isso:
Sou contra peixes geneticamente modificados, por definição. Tem quem ache bonito, não sou contra o direito de quem gosta poder ter, mas eu pessoalmente acho uma aberração. Pra mim, a linha do que é razoável para na seleção de espécies via cruzamento (que nos presenteou com acarás disco de tudo quanto é cor, guppies de diversas cores e formatos, bettas idem, etc). E mesmo assim eu tenho uma certa implicância com alguns tipos de kinguios obtidos dessa forma;
Mesmo sendo a favor de quem acha bonito poder comprar, HOJE ele é ilegal e precisa fazer um estudo de impacto ambiental. Sou a favor de que façam esse estudo;
Também sou a favor de trazerem discos e outros peixes la de fora, QUE NÃO SÃO MODIFICADOS GENETICAMENTE, e que hoje a portaria do IBAMA não permite que sejam importados para cá;
Tenho a impressão de que o IBAMA não tem o menor interesse de fazer isso acontecer - seja por falta de “braço” (eles mal estão conseguindo fiscalizar matas e florestas, que seguem sendo queimadas por fazendeiros), seja por veladamente não quererem fomentar o mercado de animais de estimação. Sei que na militância ambiental tem muita gente que é terminantemente contra ter animais de estimação de qualquer tipo (os chamados “abolicionistas”) e acredito que alguns deles estão sentados nos altos escalões do órgão;
Faz uma falta uma entidade que represente os aquaristas ou, pra começar, os lojistas nessas questões. Tudo bem que o lojista deveria saber que é um peixe proibido de ser comercializado, mas o Antônio Candido fez uma entrevista com um lojista que teve paulistinhas comuns apreendidos pois, na luz negra, eles brilharam. Provavelmente são híbridos (fruto de cruzamento de um paulistinha comum com um glo-fish), mas o lojista não tinha como saber isso e não deveria pagar por isso;
Não sabia que Muriaé era um polo piscicultor nacional, mais um motivo para visitar (além da minha família ter morado lá por um tempo há muitos anos).
Aproveitando a vibe filtragem, semana que vem pinga episódio focando os tipos de filtros, seus prós e contras, etc. Espero que gostem!