#11. Como lidar com problemas encadeados
Use os medicamentos conforme bula, mas não abra mão do bom senso
Eu juro a vocês que quero trazer coisas positivas e novas do aquarismo, mas eu sigo no propósito de mostrar “a vida como ela é” no aquarismo de modo que todo mundo possa tirar alguma lição - e como eu disse várias vezes no podcast, estou longe de ser um exemplo de aquarista ou de ter todas as respostas. Dito isso, vou compartilhar com você de forma quase resumida o problemão que eu tive com meu principal e como estou saindo dele (espero eu que sem nenhuma vítima fatal).
Há alguns meses, 2 discos meus dos mais antigos apareceram com uma doença de progressão lenta porém fatal chamada de BNC (buraco na cabeça). Perdi 2 discos para esse maldito há 3 anos, e quero evitar ao máximo perder estes. Fiz um tratamento com o que temos disponível no Brasil (antibiótico receitado por veterinário e ministrado em aquário hospital), mas descobri nas minhas férias que no exterior você consegue comprar um medicamento para peixes com a mesma substância e pode até usar no aquário principal. O maldito do protozoário deu as caras em 4 peixes (os 2 anteriores e um início em outros 2), então resolvi testar o medicamento. Fui seguindo exatamente o que dizia a bula: 1 envelope 1º dia, depois outro envelope no 3º dia e só realizar TPA e/ou retornar para o principal no 5º dia. Segui à risca e corri para colocá-los de volta no principal. Ao soltá-los, pareciam em choque: dos 4, dois deles estavam ofegantes e pálidos, e o terceiro deitou no fundo do aquário com respiração ofegante. Percebo depois que um dos ofegantes estava com o olho esquerdo saltado também (PÂNICO MODE: ON). Paro. Respiro. Penso. Observo. É óbvio que é a falta de TPA. Peguei um teste de nitrito que eu tinha à mão, e na água do aquário hospital estava batendo 1ppm:
Fui no site do fabricante, porque não é possível isso não estar documentado. E aí estava escrito em algum lugar (tradução livre): “Não realize trocas de água durante o curso do tratamento. O produto pode inibir as bactérias nitrificantes. Se houver preocupação com amônia ou nitrito, desintoxique durante o tratamento com o produto <nome_do_produto_deles>”. E foi aí que eu comi mosca!
Entrei com aeração no principal (pois intoxicação por amônia queima as guelras) e comecei tratamento com um genérico a base de melaleuca para ajudar na cicatrização e prevenção de ataque bacteriano. Para completar o problema, os 4 discos que ficaram no aquário estavam ainda mais hostis, pois:
o casal que vem desovando toda semana há 1 mês desovou de novo em um canto do aquário;
Os outros 2 discos ao longo desses 5 dias formaram casal e ocuparam o outro canto diametralmente oposto.
Ou seja, a animosidade usual dos discos do aquário para com os “novos” entrantes estava potencializada. Sentia o impulso de fazer algo, mas no fundo eu sabia que precisava deixar a natureza agir, para que voltasse a se estabelecer uma hierarquia no cardume. Em dado momento eu resolvi colocar um estímulo: sempre que eu dou comida a coisa se reconfigura no aquário. Peguei um cubo de patê, cortei ao meio e soltei os 2 pedaços no aquário. Quando sentiram o cheiro, foram todos pra cima dos cubos, INCLUSIVE os que estavam letárgicos. Um pedaço do cubo acabou ficando mais pro casal que desovou, e o outro foi disputado e comido pelos outros 6 peixes do cardume. A paz se restaurou finalmente, mas resta seguir tratando preventivamente os que foram expostos à amônia e nitrito altos.
PS: nem sinal de BNC nos peixes! Ao menos isso!
Valeu a pena esperar (e insistir)! O papo com o Marcos Gimenes (fundador/proprietário da loja Tal Pai Tal Fish, no Rio de Janeiro) foi um dos mais baixados e ouvidos nestes quase 3 anos de podcast. Algumas pessoas conversaram comigo informalmente, agradecendo por mostrar o lado dos lojistas nas questões do dia a dia, e essa era a minha intenção. Como eu falei, a motivação de buscar esse papo foi o quanto eu vi o mercado aqui do Rio minguar nos últimos 20 anos.
Outra coisa legal é que esse papo abriu boas portas para o podcast. Entraram em pauta 2 novas entrevistas, que pretendo gravar assim que possível pra já sair nessa temporada. Notícias em breve.
Dentro da nossa reta final de temporada, minha proposta era explorar um pouco mais de alguma espécie ou grupo de espécies. Nessa batida, estão (ainda) previstos episódios falando de pecilídeos (mesmo sabendo que já falei de guppies, podendo encarar isso como uma continuação daquele episódio), tetras e killifishes. Por conta do meu mergulho recente no universo do aquapaisagismo eu acabei me interessando a falar também de rásboras, que é um peixe muito utilizado em projetos de aquapaisagismo mas é relativamente recente aqui nas lojas brasileiras (já falei em algum episódio que eu só conhecia esses peixes pelos livros e que a primeira vez que eu vi um rásbora vivo foi depois do ano 2000).
Aí fui fazendo umas pesquisas de pauta para o de tetras e para o de rásboras e um mundo de informações interessantes se abriu. Ao estudar mais a fundo os tetras, me veio a tentação de falar de uma forma bem ampla dos caracídeos (família a qual os tetras pertencem) e depois focar nos mais comuns. Olhando os rásboras, veio o mesmo racional: falar de ciprinídeos e depois focar nos rásboras. Vale ressaltar que eu já falei de ciprinídeos aqui: kinguios e paulistinhas são da família. Provavelmente vai ser o caminho que eu vou seguir. Só não garanto pra breve, pois existe a chance de alguma das entrevistas que surgiram furarem a fila.
Semana que vem vocês saberão, mas eu devo dar algum spoiler pelo instagram antes. Aguardem!