#7. Os pesadelos do aquarista viajante
Não tem automação que cure o medo de tudo ter dado errado
Nesses 5 anos que eu estou mais focado no aquarismo (postei semana passada uma foto da minha primeira montagem mais profissa), eu nunca tive grandes neuras com viagens de férias. Veio a pandemia, e passei longos períodos fora de casa, em contato com a natureza. O aquário seguia rodando firme e forte: luz programada, filtragem bem dimensionada, alimentador cheio. Passava 1 mês fora, e era só podar, fazer uma TPA generosa e limpar o filtro. O tempo foi passando, e eu lembrando como era o CAOS quando eu saía de férias, e tinha que reiniciar tudo (vide abaixo).
Com meu aprendizado recente, eu fiquei super confiante. Para o aquário principal, tenho certeza de que o sistema aguenta até 2 meses rodando sozinho, sem grandes sustos. Fiz até um vídeo no YouTube mostrando o que eu faço antes de viajar. Mas a vida é uma caixinha de surpresas, e numa manhã de sol, na antevéspera da minha viagem de férias, vou olhar meus peixes e estavam TODOS na superfície, como se estivesse asfixiados. Meu acará disco mais antigo (o Topázio, que está comigo há 3 anos e meio), estava pálido e nadando de forma errática. Bateu o desespero. Fiquei um tempo observando (seguindo meu mantra “na dúvida, observe”). Como eu tinha feito uma mega TPA na véspera + limpeza dos filtros, com certeza era algum efeito da água da torneira. Seja amônia ou excesso de cloro, o condicionador com certeza resolveria. Coloquei mais uma dose equivalente a quanto eu adicionei de água (no total, ficou dose dobrada) e aumentei a aeração (pensando na hipótese do excesso de cloro, pra acelerar a evaporação). Peguei meu voo com o coração na mão.
Numa certa noite durante a viagem, sonhei que eu voltava pra casa e estavam todos os peixes mortos, sem exceção. Nessa hora não tem procedimento, tecnologia ou precaução que salve, o emocional toma conta. Eu ia pedir pra um amigo ir lá em casa dar uma olhada, mas lembrei que ele também estava de férias. Engoli em seco e esperei o retorno. Chegando em casa… estava tudo bem! Água limpa, peixes saudáveis, plantas obviamente precisando de poda, e as flutuantes cobrindo praticamente toda a superfície do aquário (como eu imaginava). A natureza é demais, o que estraga é o aquarista mesmo. :D
Dessa vez, eu me programei para ir em alguma loja de aquarismo, mas não consegui. Justamente na Alemanha, país de origem de alguns dos fabricantes que amamos por aqui (Eheim, Tetra, JBL, Sera), sem falar em grandes criadores de acarás disco (Europa Discus Center e Stendker Discus). Mas é aquilo: a prioridade era descansar e curtir com a família, então eu não forcei. Até queria gravar algum conteúdo lá para postar pra vocês, mas não deu.
Mas pra não dizer que não vi nada, eu acabei indo numa petshop de porte médio, em uma cidade perto de onde eu estava, no sul da Alemanha. O foco era comprar guia + coleira para nossa cachorrinha, então fui na que estava mais na nossa rota. E era uma loja BEM grande, porte comparável às grandes redes que temos aqui. Procurei setor de aquarismo, e até que tinha alguma coisa: rações, alimentadores automáticos e alguns acessórios. Basicamente eram da Tetra e de uma marca própria. Eu até queria trazer um bom aquecedor com termostato, mas o que tinha na loja me pareceu muito genérico (aí prefiro ficar com os chineses de sempre).
Se não tive boas referências de lojas e produtos, ao menos tive a inspiração da natureza de lá. Passei por lagos e florestas lindíssimos. A fauna era bem diferente obviamente do que encontramos aqui. Alguns lagos tinham carpas enormes, mas arrisco a dizer que eram carpas selvagens (nada a ver com as koi que a gente está acostumado a ver em lagos de shoppings e pousadas por aqui), fora alguns peixes de água fria que eu particularmente não conheço.
No entanto, pegando carona nas inspirações que levaram Takashi Amano a revolucionar o aquapaisagismo, vi muitas paisagens bacanas para tentar inspirar um novo layout. Trouxe até algumas rochas de alguns lagos que visitei, mas sei que é melhor não usá-las no meu aquário de inspiração amazônica. São rochas calcáreas que muito provavelmente vão endurecer a água e jogar o pH pra cima. Mas estou pensando em montar um layout inspirado nessas paisagens usando essas rochas para o cubo do betta. Fica de ideia para as próximas semanas (aguardem)
Dei uma olhada mais realista na minha pauta para esta 3ª temporada. Está nos meus planos falar de algas, poecilídeos, tetras, ciclídeos africanos (vai rolar finalmente, Herman!), killifishes, como é o aquarismo regional do Brasil (com contribuição dos amigos lá do whatsapp) e a entrevista falando da experiência de ter uma loja dedicada a aquarismo aqui no Rio de Janeiro. Se tudo der certo, teremos podcast até meados de novembro. Uma quarta temporada ainda está nebulosa: quero muito seguir fazendo os episódios mas estou ficando sem assunto. Aprendi que é melhor ser o cara que tem algo a dizer do que ser o cara que tem que dizer algo. Mas como eu tenho visto algumas possibilidades de detalhar alguns pontos de pautas que eu já falei de forma mais genérica, de repente no fim do ano o cenário melhora.
Mais pra frente vou mandar uma pesquisa aqui pela newsletter pensando nessa 4ª temporada. Em todo caso, se você não quiser esperar e já tiver algo em mente, manda aqui pra gente.
Um grande abraço a todos e até semana que vem!