
Tem sido um assunto recorrente tanto aqui quanto no podcast o quanto eu me preocupo com o futuro do aquarismo no Brasil e o fato de eu achar que isto está diretamente relacionado a oferta de lojas especializadas. Desde o início da 3a temporada, em 2024, eu venho batendo nessa tecla da oferta de produtos quando falei sobre o custo do aquarismo, mas os principais momentos dessa conversa foram o meu papo com o Marquinhos (da loja Tal Pai Tal Fish) e os 2 episódios recentes falando de mercado de aquarismo e o futuro do hobby. Confesso que eu fico bastante tempo com essas questões na cabeça, e costumo adotar a prática de sempre dar preferência às lojas especializadas na compra de equipamentos, condicionadores, medicamentos etc, apesar da enorme facilidade dos marketplaces.
Em meados do mês passado, aconteceu aqui a 3a edição de um evento de inovação com representantes de praticamente todos os ramos possíveis, e eu tive a felicidade de comparecer por questões profissionais - até comentei sobre isso no nosso grupo whatsapp. Encontrei uma startup dedicada a criação de peixes nacionais em cativeiro, o que foi uma grata surpresa, mas foi numa palestra direcionada ao varejo que minha cabeça explodiu. A arquiteta Juliana Neves (Kube Arquitetura) trouxe um alento e tanto a essas minhas inquietações na palestra “Experiência é o novo produto: o futuro do varejo presencial”. Eu de forma alguma teria competência para sintetizar aqui em poucas palavras a verdadeira aula que a Ju nos deu sobre o varejo presencial, que tem que vencer a comodidade de se comprar na Amazon todos os dias, mas tem uma parte muito legal da explanação dela que cai como uma luva no mercado das lojas de aquarismo especializadas. De fato, é praticamente impossível que o nosso lojista consiga competir no quesito preço e comodidade com os marketplaces como Mercado Livre, Aliexpress, Shopee etc. O caminho para o varejo não é tentar competir com o digital, é oferecer aquilo que ele não oferece:
Eu queria ter isso na cabeça quando conversei com o Marquinhos ano passado, mas lembrei tanto dele que eu fiz uma postagem pelo insta aqui do podcast de lá do Rio Innovation Week e marquei o insta da loja, pois lembrei na hora dele. Acho que aqui no Rio ele é o cara que percebeu isso antes da maioria. O espaço da Tal Pai Tal Fish é voltado para acolher o aquarista, e não apenas um ponto de venda. Ele promove encontros lá de tempos em tempos, e isso conversa diretamente com o que a Ju falou na palestra dela: o papel do varejo como criador de experiência, de sentimentos reais, daquele algo intangível que faça a gente querer voltar lá e, uma vez lá, comprar uma coisinha ou outra. Sei que a Mundo dos Discos está indo por esse caminho na obra de expansão que o Victor Hugo está(va) fazendo por lá, e sei de outras aqui no Rio nessa toada - em especial as que focam o aquapaisagismo, oferecendo sandbox para os clientes experimentarem seus layouts e alguns vendedores com larga experiência em aquapaisagismo para tirar dúvidas.
Graças a esse tipo de abordagem que eu faço questão de visitar a Green Aqua quando for a Budapeste fazer turismo, ou na Maidenhead Aquatics quando visitar de novo a Inglaterra. No final, é isso que a gente busca no hobby: boas experiências. E é com esse foco que o hobby vai ser salvo. Agora já consigo dormir mais tranquilo.